Primeira universidade indígena do Brasil ganha destaque nacional

Publicado por Talliana Luz
| Data da Publicação 21/08/2025 15:21
| Comentários: (0)

Reportagem da Folha de São Paulo, publicada nesta quarta-feira (20), destaca projeto pioneiro no Brasil e no mundo, que o Maranhão está implantando. Trata-se da criação da primeira universidade indígena em território tradicional. A Universidade Indígena atende à demanda do povo Tenetehar. O Governo do Estado é parte fundamental deste projeto, juntamente com o Instituto Tukàn. Os primeiros cursos serão elaborados a partir das escutas públicas, realizadas pelo instituto em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema).

A Universidade Indígena, que será implantada no Território Indígena Araribóia, município de Amarante, representa uma conquista histórica para os povos originários do estado, além de ser um marco educacional ao implantar um formato inovador de formação superior, que integra saberes ancestrais e conhecimento científico.

O presidente da Fapema, Nordman Wall, enfatiza que a colaboração com os povos indígenas na implantação de um novo modelo de formação universitária representará um avanço necessário na pesquisa e desenvolvimento científico.

“Esse novo modelo de formação vai representar mais diversidade cultural no meio acadêmico, gerando maior desenvolvimento social, já que elimina muitos dos entraves que impedem os representantes dos povos indígenas de seguirem com sua formação nas instituições dos grandes centros. Além disso, é o reconhecimento a todas as contribuições que estes povos deram para a formação da sociedade, dos saberes e da cultura maranhense e brasileira. É também um símbolo do compromisso com um futuro educacional que respeite as raízes e pluralidades do Brasil, além de enriquecer o conhecimento acadêmico e refletir na autonomia desses povos”, destacou Nordman Wall.

Escutas participativas

O projeto avançou com a realização de escutas participativas realizadas nas dez macro-regiões indígenas do estado. Esta etapa fundamental na construção do Centro de Saberes Tentehar reuniu representantes da população Tenetehar, professores, gestores, estudantes e lideranças jovens e anciãs.

Ao todo foram quatro escutas, a partir das quais foram definidos os primeiros cursos para fortalecer a proteção territorial e a cultura, como áreas voltadas para a linguística e gestão ambiental. Outro ponto fundamental é que a Universidade Indígena será bilíngue, tendo como idiomas o português e o tenetehar.

Em entrevista à Folha de São Paulo, Sílvio Guajajara, cacique e presidente do Instituto Tukan, destaca que a ideia do Centro de Saberes Tenetehar é uma luta bem antiga. “Uma necessidade muito grande para o nosso povo, que deve fortalecer as nossas festas tradicionais, a cultura, a crença, a língua. Dessa forma, os jovens poderão se qualificar profissionalmente e, ao mesmo tempo, preservar a memória do povo”, declarou.

Coordenação dos povos indígenas

A coordenação-geral do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do Programa Universidade Indígena – Centro de Saberes Tenetehar é do cacique Silvio Santana da Silva, de Fabiana Guajajara e da professora doutora Isabella Pearce, também do Instituto. O projeto é resultado de parceria Governo do Estado, por meio da Fapema, Uema e Uemasul com o Instituto Túkan.

Outro diferencial da universidade é que, com a colaboração do Governo do Estado, o modelo poderá ser replicado, aponta Gustavo Costa, professor da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e coordenador acadêmico do projeto da Universidade Indígena. “Vai ser um programa que reúne as universidades que já existem. Nós já tínhamos apresentado a proposta de não criarmos uma instituição nova, até porque o Maranhão tem vários territórios. Então pensamos em uma política pública consistente de oferta de ensino superior fora das cotas”, explicou ele, à Folha de São Paulo.

Ainda segundo o coordenador do projeto, a estrutura arquitetônica terá a forma de um cocar, visto de cima, proposta feita pelos indígenas. O início das atividades da Universidade Indígena está previsto para 2026. O primeiro semestre deve ser voltado para o lançamento dos editais, aprovação de cursos e outros processos administrativos. Já no segundo semestre, devem ser iniciadas as primeiras turmas.

Jornalista e Publicitário com atuação profissional desde 2013, sólida experiência em redação (copywriter) e atendimento publicitário, administração de redes sociais (social media), marketing político, gestão e coordenação de equipes. Também produziu e apresentou programas de rádio, TV e podcasts.