O seguro-defeso, benefício pago a pescadores artesanais durante o período de proibição da pesca, tem superado o Bolsa Família em número de beneficiários e volume de recursos em diversos municípios maranhenses. Em Cedral, Boa Vista do Gurupi e Nova Olinda do Maranhão, por exemplo, o programa previdenciário já distribui mais dinheiro que o principal programa de transferência de renda do país. O levantamento foi realizado pelo jornalista Isaías Rocha.
O caso mais emblemático é Nova Olinda do Maranhão, onde 4.023 pessoas receberam R$ 21,5 milhões em seguro-defeso, contra R$ 12,4 milhões pagos a 3.541 beneficiários do Bolsa Família. Em Cedral, o número de pescadores oficialmente cadastrados também ultrapassa os inscritos no Bolsa Família: 2.999 contra 2.698, com uma diferença de quase R$ 9 milhões a mais para os pescadores.
Mesmo em municípios onde o número de beneficiários do Bolsa Família é maior, como São João Batista, o valor pago pelo seguro-defeso ainda foi superior: R$ 30,5 milhões, contra R$ 21,6 milhões do programa social.
Os dados acendem o alerta sobre possíveis distorções nos registros de pescadores artesanais em cidades com pouca ou nenhuma estrutura pesqueira. O cenário reforça suspeitas já levantadas por órgãos de controle e investigações da Polícia Federal sobre fraudes no acesso ao benefício no estado e devem colocar o Maranhão no epicentro de um novo escândalo nacional.
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